terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Acusada de ser contra a qualidade da internet, Oi nega intenção de "anular" metas da Anatel

Para movimentos pela democratização da comunicação, metas são conquista da sociedade

Escrito por: Redação da Rede Brasil Atual

A Oi divulgou nota pública nesta segunda-feira (30) em resposta à mobilização na internet que acusa a companhia de ser contra a qualidade do serviço de banda larga. A operadora de telefonia fixa e celular e de TV por assinatura sustenta ser favorável à "adoção de um sistema de medição de qualidade da rede de banda larga", mas critica o modelo proposto pela Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) para estabelecer metas para a oferta de internet em alta velocidade para dispositivos móveis.
Nesta quarta-feira (1º), daqui a dois dias, termina o prazo para uma consulta pública da Anatel sobre a proposta da Oi de alterar as metas de qualidade para se oferecer serviço de acesso à internet banda larga móvel – 3G e celular. Ativistas ligados ao Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e à Campanha Banda Larga consideram que a adoção das metas é uma conquista da sociedade, obtida a partir de mobilização em redes sociais em outubro de 2011.
Segundo a Oi, a proposta da Anatel de exigir metas de velocidade mínima e média inclui aspectos que "não dependem exclusivamente das operadoras" de telecomunicações. Ainda de acordo com a empresa, o desempenho da conexão estaria associado a questões como a característica do site acessado, conexões internacionais, redes de outras empresas, servidor e computador usado pelo consumidor, entre outros.
"Não é prática internacional o estabelecimento de metas de uma rede que utiliza premissas estatísticas para o dimensionamento das ofertas de banda larga, uma vez que o próprio uso estatístico é dinâmico e evolutivo, pois depende da carga dos conteúdos de texto, áudio ou vídeo", prega a nota da Oi.
A empresa alega ter adotado padrões técnicos empregados na Europa e nos Estados Unidos para propor a alteração que deu origem à consulta pública. A Oi afirma ainda que, apesar de o regimento da Anatel chamar de "anulação" o pedido de revisão, a intenção da empresa é apenas promover ajustes. "A Oi reitera o seu compromisso com a qualidade e com o consumidor e acredita que o regulamento de qualidade da Anatel possa ser aprimorado seguindo os padrões internacionais", conclui a nota.

Desde às 16h desta segunda, usuários de redes sociais como Twitter e Facebook concentram suas manifestações com a hashtag "#OiContraQualidade". O objetivo da mobilização é pressionar a Oi e a Anatel a manter a resolução original. "As metas foram conseguidas após outra manifestação parecida, em outubro do ano passado, com forte participação dos consumidores", sustenta o Idec.

Em outubro, foram 80 mil mensagens enviadas à Anatel, segundo os organizadores da campanha. Caso a medida seja aplicada, haverá critérios definidos para avaliar o serviço, incluindo velocidade mínima e média exigida. Atualmente, por ser um serviço exercido a partir de concessão em caráter privado, não há planos de universalização nem parâmetros de qualidade.

http://www.cut.org.br/destaque-central/47213/acusada-de-ser-contra-a-qualidade-da-internet-oi-nega-intencao-de-anular-metas-da-anatel

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

'Operação Pinheirinho': custo ultrapassa R$ 100 milhões

Levantamento realizado por O VALE considera despesas com planejamento, aparato policial, abrigo e programas habitacionais para as famílias desalojadas; maior parte do dinheiro sairá dos cofres públicos

Carolina Teodora
São José dos Campos

A Operação Pinheirinho terá um custo final de pelo menos R$ 109,4 milhões, sendo mais de R$ 103 milhões dos cofres públicos.
O levantamento feito pelo O VALE com base em dados oficiais mostra que o maior investimento será na construção das moradias para abrigar as famílias do acampamento: R$ 88 milhões.
Até que o conjunto habitacional fique pronto, os sem-teto vão receber um ‘aluguel social’ de R$ 500 mensais que vai atingir a cifra de R$ 9 milhões em 18 meses --prazo previsto para a construção.
Somente na ação de desocupação da área foram investidos mais de R$ 5 milhões na mobilização e infraestrutura aos policiais e aluguel das máquinas para demolição das casas. No abrigo aos desalojados foram gastos cerca de R$ 3,5 milhões.
O VALE considera como operação o planejamento, desocupação, abrigo e programas habitacionais para a dar solução ao caso.
Júlio Aparecido da Rocha, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São José, considerou o custo alto, mas necessário.
“A minha preocupação é com a fila da habitação que será furada, mas isso é necessário”, afirmou.
Planilha. A planilha considera itens como a diária que será paga aos 850 policiais de outras cidades que participaram da ação por terem se deslocado de suas sedes.
Dona do terreno, a massa falida da Selecta gastou cerca de R$ 4 milhões com a estrutura da PM, demolição e mudança dos móveis.
A prefeitura mantém em sigilo o dinheiro empenhado para abrigar as 1.200 pessoas que estão nos abrigos. Empresas do setor estimam que esse custo varie de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões.
A prefeitura vai gastar ainda com o pagamento de horas extras a servidores.


Empresa tentou mediar regularização
São José dos Campos
O impasse envolvendo o Pinheirinho poderia ter sido resolvido sem a retirada dos moradores, prejuízos aos cofres públicos e privados ou intervenção do poder público.
É o que afirma o advogado André Albuquerque, fundador da empresa Terra Nova, com sede no Paraná, especializada em regularização fundiária.
Segundo ele, vereadores de São José o convidaram em 2008 para analisar o caso do Pinheirinho. Entre os parlamentares que fizeram o convite estava o Robertinho da Padaria (PPS), que teve sua padaria incendiada após conflito.
“Analisei a situação, fiz um projeto e uma reunião com líderes do movimento e representantes da massa falida, que estavam interessados na questão. Essa etapa levou cerca de dois anos”, disse.
“Mas a reunião mais importante que foi marcada na Câmara, em 2010, foi boicotada pelos líderes do movimento, que disseram que não iriam fazer acordo nenhum, muito menos para os moradores terem que pagar por suas casas. Estava todo mundo na reunião, menos os moradores do Pinheirinho”, acrescentou.
De acordo com o pré-projeto que ele havia elaborado, cada família iria pagar entre R$ 3.000 e R$ 6.000 pelo lote de suas casas, com prestações entre R$ 60 a R$ 100 por dez anos.
A maior parte do valor seria repassado à massa falida proprietária do terreno. Com o acordo firmado, morador iria pagar sua casa e empresa receber seu dinheiro, a Justiça que estudava o processo de reintegração da posse dava o caso como encerrado.

http://www.ovale.com.br/nossa-regi-o/operac-o-pinheirinho-custo-ultrapassa-r-100-milh-es-1.212763

Participe da reação contra a proposta absurda da OI!

A Oi entrou com um pedido de anulação das metas de qualidade para a banda larga definidas em outubro pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Essa atitude demonstra que a empresa não tem nenhum compromisso com a oferta de um serviço de internet de qualidade – nem na banda larga fixa, nem na móvel – via celular ou modem 3G.

A definição dessas metas foi uma conquista da sociedade, que pressionou a agência a adotar, pela primeira vez, parâmetros rigorosos para a qualidade da banda larga, que ainda nem entraram em vigor. O pedido de anulação está nas mãos da Anatel, que abriu uma consulta pública até 1º de fevereiro para ouvir a opinião da sociedade sobre o assunto. Precisamos nos manifestar para impedir qualquer retrocesso!

O Idec produziu uma campanha para reações em massa sobre o tema, com apoio da Campanha Banda Larga é um direito seu! O Avaaz também produziu uma campanha sobre o tema. Entrem e divulguem.

Na segunda-feira, dia 30, haverá um tuitaço para divulgar as campanhas. A ideia é concentrar os tweets por volta de 16h. Algumas sugestões de frases vão abaixo.

#Oicontraqualidade Diga não à proposta da Oi de derrubar os parâmetros de qualidade para a internet! bit.ly/y30A3D @digaoi
#Oicontraqualidade Não deixe a Anatel aceitar a chantagem da Oi contra a qualidade na internet! bit.ly/y30A3D @digaoi
#Oicontraqualidade A Oi é contra a qualidade da internet. Simples assim. Não deixe a Anatel ceder às pressões! bit.ly/y30A3D @digaoi

É importante deixar claro que o pedido da Oi não se sustenta porque:

As metas foram amplamente discutidas e passaram por consulta pública no segundo semestre de 2011. Não faz sentido rever uma decisão tomada há três meses!
Há anos, as teles são campeãs de reclamação nos órgãos de defesa do consumidor. Elas já demonstraram que não têm disposição para resolver esse problema por conta própria.
Em 90% dos municípios brasileiros, não há competição entre os serviços de banda larga, nem na fixa nem na móvel. Se a prestadora não oferece um serviço de qualidade, o consumidor não tem opção!
As metas adotadas estão tecnicamente fundamentadas e não há nenhum motivo para anulação de nenhuma delas.

Entre na página preparada pelo Idec/Campanha Banda larga é um direito seu! e mande sua contribuição para a consulta da Anatel:

http://www.idec.org.br/mobilize-se/campanhas/oicontraqualidade

Fonte: http://campanhabandalarga.org.br/index.php/2012/01/26/participe-da-reacao-contra-a-proposta-absurda-da-oi/

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Manifesto contra ação no Pinheirinho causa desconforto em evento tucano

Jornal do Brasil - Jorge Lourenço

O Prêmio Governador do Estado para a Cultura em São Paulo acabou se voltando contra os seus próprios organizadores, os tucanos. Durante a premiação, os vencedores na categoria voto popular, os cineastas Marcos Dutra e Juliana Rojas, aproveitaram a oportunidade para fazer um manifesto contra a ação no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos.

Constrangimento

Algumas pessoas da plateia protestaram contra o discurso em determinado momento e a organização tentou interrompê-lo em função da demora. O pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, Andrea Matarazzo, foi o mais constrangido. Ele estava ao lado dos artistas durante o discurso e não sabia para onde olhar. Ao contrário da grande maioria dos convidados, ele não aplaudiu os cineastas.


Ataque

"Vence mais uma vez a política do coturno em prol do capital. De um lado, bombas, armas, gases, helicópteros, tropa de choque. Do outro, dois revólveres apreendidos. Não há notícia de que tenham sido usados. Uma praça de guerra é instalada - numa batalha em que um exército ataca civis (...) Mais 1.600 famílias estão nas ruas: a lei foi cumprida. Para quem?", questionou Juliana Rojas.

http://www.jb.com.br/informe-jb/noticias/2012/01/26/manifesto-contra-acao-no-pinheirinho-causa-desconforto-em-evento-tucano/

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

EUA e Israel criam nova doutrina dos 'assassinatos seletivos preventivos'

Por Reginaldo Mattar Nasser

Está circulando pelos blogs e redes sociais trecho de um programa de TV paga em que um dos comentaristas, Sr Caio Blinder (assista aqui e aqui) ) , apoia o “assassinato” de cientistas que participam do “programa de enriquecimento de urânio do Estado Terrorista iraniano”. Argumenta que é “preciso matar gente agora” para evitar mais mortes do futuro, além do que, acrescenta, “você intimida outros cientistas”. O tema já foi intensamente debatido nos EUA, em 2007, quando o professor de direito Glenn Reynolds criticou o presidente Bush por não fazer o suficiente para parar o programa nuclear iraniano (vejam só Bush acusado de ser soft demais!) e, em seguida, defendeu que os EUA deveriam assassinar líderes religiosos e cientistas nucleares iranianos com o objetivo de intimidar o governo do Irã. Portanto, se nos EUA a justificativa para esse tipo de crime não é algo incomum, no Brasil - salvo engano meu - é a primeira vez que aparece publicamente nos meios de comunicação e por isso julgo necessário tecer algumas considerações.

Casos
No dia 11 de Janeiro de 2012, Ahmadi Roshan, engenheiro químico da usina de enriquecimento de urânio de Natanz, foi assassinado nas ruas de Teerã após explosão de uma bomba em seu carro. É mais um de uma série de acontecimentos similares. Em dezembro de 2011, sete pessoas morreram em uma explosão em Yazd. Em 28 de novembro, uma bomba explodiu nas instalações nucleares em Isfahan. Em 12 de novembro, 17 pessoas foram mortas por uma explosão perto de Teerã.. Em 29 de novembro de 2010, o cientista Shahriari foi morto da mesma forma como Roshan, com uma bomba plantada em seu carro. Em todos os casos as autoridades dos EUA e de Israel negaram veementemente qualquer envolvimento.

Mas qual é o problema? De forma declarada ou encoberta tanto EUA, como Israel, sempre adotaram a tática do assassinato seletivo. Desde 11 de setembro, o governo dos EUA tem realizado operações similares (“assassinatos seletivos”) mesmo fora dos campos de batalha do Afeganistão e do Iraque, como no Iêmen, Paquistão, Somália, Síria e possivelmente em outros lugares, causando a morte de mais de 2 mil supostos terroristas e de incontáveis vítimas civis. A justificativa está fundamentada numa autorização legal, aprovada na Câmara e no Senado, atribuindo ao presidente o poder para adotar as medidas que julgue necessárias para impedir ou prevenir atos de terrorismo internacional contra os Estados Unidos.

Nova doutrina

É importante notar que até pouco tempo atrás a justificativa para assassinar civis pressupunha a participação direta desses nas hostilidades. Quando se diz que um assassinato seletivo é "necessário" entende-se que matar era a única maneira de evitar um ataque iminente. Mas no caso dos cientistas é praticamente impossível afirmar que matá-los era necessário para impedir o Irã de lançar um ataque nuclear iminente contra Israel ou qualquer outro país. A não ser que haja uma nova doutrina em formação: “assassinato seletivo preventivo”

Voltando ao porta-voz brasileiro dos fundamentalistas norte-americanos, o sr. Blinder, que é uma pessoa bem informada, sabe que além da quantidade e qualidade de urânio ou plutônio, a produção de armas nucleares também requer os meios para levá-las ao seu destino (mísseis e ogivas). Portanto, é um projeto que envolve grande quantidade de cientistas, engenheiros e operadores. Levando à extremidade lógica o argumento dos fundamentalistas, será preciso assassinar mais algumas centenas ou mesmo milhares de pessoas. Claro, com o nobre objetivo de evitar mais mortes! Aliás, 90% das mortes de norte-americanos no mundo ocorrem devido à utilização de armas e munições produzidas no próprio EUA. Portanto, somos tentados a concluir que os responsáveis pela indústria bélica (armas leves) nos EUA deveriam ser assassinados, pois evitaria a morte de milhares de norte-americanos? A ser levada a sério essa proposta (assassinato de cientistas), não é improvável que os congressos científicos internacionais acabem se convertendo em um verdadeiro festival de tiroteios e bombas. Aliás, o suposto efeito da intimidação, pressuposto dessas ações, está gerando um efeito oposto. Cerca de 1.300 estudantes universitários iranianos pediram para mudar as suas áreas de estudo para o campo das ciências nucleares após o assassinato. Veja só Sr Blinder! Será preciso eliminar esses estudantes também porque um dia eles serão cúmplices do projeto nuclear iraniano!

Obama

Dentro da mesma linha de raciocínio o proprietário do Atlanta Jewish Times, Andrew Adler, pediu desculpas na semana passada depois de sugerir que o assassinato do presidente Obama era uma opção que deveria ser considerada pelo governo israelense, conforme relatado pelo Huffington Post (veja aqui). De acordo com Adler, Israel tem apenas três opções disponíveis para se manter seguro: 1. atacar Hezbollah e o Hamas, 2. destruir as instalações nucleares do Irã; 3. assassinar Obama!

Estranhamente o “assassinato seletivo” ocorreu três dias após a afirmação do secretario de Defesa dos EUA de que era improvável que os iranianos estivessem tentando desenvolver uma arma nuclear e no momento em que governo iraniano reiniciava as negociações com o grupo (P5 +1) para autorizar a realização de uma visita de delegados da Agência Internacional de Energia Atômica em seu pais.
Fica claro que o objetivo do assassinato dos cientistas é provocar uma forte reação da linha dura iraniana justificando, dessa forma, os famosos ataques preventivos. De acordo com reportagem na Foreign Policy (leia aqui), que teve acesso a memorandos elaborados pelo governo Bush, a Mossad usa as credenciais da CIA para recrutar membros da organização Jundallah (considerada terrorista pelo governo dos EUA) para lançar ataques contra o Irã. Como notou o analista internacional, Pierre Sprey, vivemos um daqueles raros e perigosos momentos da história, quando o “Big Oil” e os israelenses estão pressionando a Casa Branca na mesma direção. A última vez que isso aconteceu resultou na invasão do Iraque.

Reginaldo Mattar Nasser é professor de Relações Internacionais da PUC (SP) e Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e Puc-SP).

http://carosamigos.terra.com.br/index2/index.php/artigos-e-debates/2440-assassinato-seletivo-serve-para-provocar-a-guerra

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

OAB de São José dos Campos diz que houve mortos em operação no Pinheirinho

Por Bruno Bocchini e Flávia Albuquerque, da Agência Brasil | Yahoo! Notícias

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto, disse hoje (23) que houve mortos na operação de reintegração de posse do terreno conhecido como Pinheirinho, na periferia da cidade. De acordo com ele, crianças estão entre as vítimas.

“O que se viu aqui é a violência do Estado típica do autoritarismo brasileiro, que resolve problemas sociais com a força da polícia. Ou seja, não os resolve. Nós vimos isso o dia inteiro. Há mortes, inclusive de crianças. Nós estamos fazendo um levantamento no Instituto Médico-Legal [IML], e tomando as providências para responsabilizar os governantes que fizeram essa barbárie”, disse, em entrevista à TV Brasil.

Segundo Neto, a Polícia Militar (PM) e a Guarda Municipal chegaram a atacar moradores que se refugiavam dentro de uma igreja próxima ao local. “As pessoas estavam alojadas na igreja e várias bombas foram lançadas ali, a esmo”, declarou.

O representante da OAB disse ter ficado surpreso com o aparato de guerra que foi montado em prol de uma propriedade pertencente à massa falida de uma empresa do especulador Naji Nahas. “O proprietário é um notório devedor de impostos, notório especulador, proibido de atuar nas bolsas de valores de 40 países. Só aqui ele é tratado tão bem”.

Desde o início da manhã de ontem (22) , a PM cumpre uma ordem da Justiça Estadual para retirar cerca de 9 mil pessoas que vivem no local há sete anos e 11 meses. O terreno integra a massa falida da empresa Selecta, do investidor Naji Nahas. A Justiça Federal decidiu contra a desocupação do terreno, mas a polícia manteve a reintegração obedecendo ordem da Justiça Estadual.

A moradora Cassia Pereira manifestou sua indignação com a maneira como as famílias foram retiradas de suas casas sem que ao menos pudessem levar seus pertences. “A gente está lutando por moradia. Aqui ninguém quer guerra, ninguém quer briga, a gente quer casa, nossa moradia. Todo mundo tinha suas casas aqui construídas, e tiraram de nós, sem direito a nada. Pegamos só o que dava para carregar na mão”, disse.

O coronel Manoel Messias Melo confirmou que os policiais militares se envolveram em conflitos durante a madrugada, mas negou que a ação foi contra os moradores do Pinheirinho. “Foram vândalos e anônimos que praticaram incêndios na região. Tivemos 14 prisões e algumas apreensões de armas esta noite”, declarou.

“Agora vamos cuidar do patrimônio das pessoas. O oficial de Justiça lacrou [os imóveis] e nós guardamos o imóvel durante a noite. O oficial de justiça vai arrolar os bens. As pessoas receberam um número. Todos os bens serão etiquetados, conduzidos a um caminhão e levados para um depósito judicial ou a um endereço [fornecido] pelo morador”, disse Melo.

De acordo com o coronel, a PM vai permanecer no local até a reintegração de posse do terreno ser concretizada. “Entregue a posse ao proprietário ele deve tomar providências para guardar o local”.

Procurada pela reportagem para falar sobre o assunto, a prefeitura de São José dos Campos não quis se pronunciar.

http://br.noticias.yahoo.com/oab-de-s%C3%A3o-jos%C3%A9-dos-campos-diz-que-houve-mortos-em-opera%C3%A7%C3%A3o-no-pinheirinho.html

sábado, 21 de janeiro de 2012

Fechamento do Megaupload.com reflete poder dos EUA na internet

PARIS, 20 Jan 2012 (AFP) -O fechamento pelo FBI do portal Megaupload.com realçou o poder das autoridades americanas sobre a Internet e o fato de que possam, com mandato judicial, bloquear em dois minutos qualquer um dos 95 milhões de sites .com.

Acusada de violar os direitos autorais, a emblemática e polêmica plataforma de downloads diretos ou em "streaming" (consumir o produto ao mesmo tempo em que se baixa) foi desativada na quinta-feira à noite e os servidores que hospedavam os dados relacionados a seu funcionamento foram presos.

"Ir contra os servidores hospedados em vários países equivale a cortar a cabeça de uma hidra. Intervir sobre um domínio é golpear o coração do dispositivo nevrálgico", explicou à AFP Lo¯c Damilaville, diretor-geral adjunto da Association Française pour le Nommage Internet en Cooperation (AFNIC), entidade do registro oficial .fr.

O domínio de Internet (ou seja, o identificador) do Megaupload terminava por .com, pelo que a plataforma se submete à Justiça americana, já que a Verisign, sociedade que administra os 95 milhões de páginas .com (de um total de 220 milhões existentes na rede), tem sua sede na Califórnia.

"Uma vez que a Justiça americana toma uma decisão e pede à Verisign para fechar o domínio, a ação propriamente dita de bloquear uma página apenas leva alguns minutos", disse Damilaville.

Por outro lado, o presidente da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), um organismo privado americano que tem um papel chave na regulação da rede já que é ele que atribui os domínios de Internet, criticou a medida.

O governo americano "atua para impedir um atentado jurídico, como o intercâmbio de arquivos ilegais que negam os direitos de propriedade intelectual. Mas, ao invés de ir aos gestores dos .com, poderia ir ao ICANN para deter esse tipo de atividades", garantiu Stéphane Van Gelder, presidente do GNSO, a instância executiva do ICANN.

Não é a primeira vez que as autoridades norte-americanas passam por cima das instâncias mundialmente reconhecidas para fechar os sites por conta própria.

Em 2010, por exemplo, cerca de 84.000 páginas foram "desconectadas" por erro no âmbito da operação "In our sites" lançada com a finalidade de fechar páginas relacionadas à pornografia.

Em 2011, as autoridades já decidiram o fechamento da página espanhola Rojadirecta.com por considerar que suas atividades eram ilegais, as mesmas que a justiça espanhola tinha declarado estar em conformidade com a lei.

"As autoridades americanas têm, claramente, poder sobre todas as extensões numéricas que são geridas por prestadores americanos ou situados nos Estados Unidos. Estamos em pleno debate sobre o problema do direito a aplicar quando nos referimos a domínios de Internet; há um verdadeiro conflito de jurisdição", segundo Damilaville.

"Os Estados Unidos se intrometem claramente na arquitetura da Internet para atuar até em outros países", denunciou Jérémie Zimmermann, co-fundador da associação francesa La Quadrature du Net, segundo a qual "com certeza, novos sites Megaupload vão reabrir com domínios de Internet que não podem ser atacados nos Estados Unidos".

http://www.dirigida.com.br/news/pt_br/fechamento_do_megaupload_com_reflete_poder_dos_eua_na_internet_o_povo_online/redirect_7297819.html

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Anamatra condena projeto que torna legal a terceirização nas atividades-fim

Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho condena ação “precarizante”, que “vai comprometer o futuro”

Escrito por: Hora do Povo

A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) manifestou, no ultimo dia 13, duras críticas ao projeto que legaliza a terceirização na atividade fim, e que está em tramitação no Congresso.
Conforme a Associação, o novo texto incentiva diretamente à terceirização do trabalho e “vai acabar produzindo no Brasil uma reforma trabalhista precarizante e vai comprometer o futuro do Brasil”.
A afirmação é do vice-presidente da Anamatra, Paulo Schmidt, segundo o qual, se aprovado, os trabalhadores terão mais dificuldades para obter seus direitos na Justiça e menor poder para negociar com os contratantes.
Na avaliação de Schmidt, ao não estabelecer regras claras para proibir a terceirização dos trabalhadores responsáveis pela execução de atividades-fins das empresas, o projeto de lei gerará um cenário em que o Brasil poderá ter diversas empresas sem empregados. Ao admitir a subcontratação, acrescentou o vice-presidente da Anamatra, a proposta também poderá acabar permitindo a “quarteirização e a quinteirização”.
As centrais sindicais também vêm debatendo com os parlamentares para que o projeto seja modificando de forma a proteger os trabalhadores.
Paulo Schmidt ressalta outros agravantes, como o fato de que, com o projeto, a empresa contratante terá responsabilidade subsidiária, cujo terceirizado só pode cobrar direitos trabalhistas do contratante em último caso, ao invés de ser solidária, na qual determina que a tomadora e a prestadora do serviço se responsabilizem pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias.
O projeto é relatado pelo deputado Roberto Santiago (PSD-SP), e está previsto para ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário da Câmara no primeiro semestre. Passando pela Câmara, o projeto deve ser votado no Senado e depois avaliado pela presidenta Dilma.

http://www.cut.org.br/destaque-central/47124/anamatra-condena-projeto-que-torna-legal-a-terceirizacao-nas-atividades-fim?utm_source=cut&utm_medium=email&utm_term=informacut&utm_campaign=informacut

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Juíza francesa pede permissão aos EUA para fazer investigação em Guantánamo

Uma juíza francesa, que tem em seu poder as denúncias de três ex-detidos franceses da prisão de Guantánamo, pediu às autoridades americanas permissão para investigar no local, segundo um documento consultado nesta terça-feira pela AFP.
Em uma Comissão Rogatória Internacional (CRI) datada de 2 de janeiro, a juíza Sophie Clement, que investiga as acusações de tortura e atos de barbárie apresentados por três ex-detidos franceses, pede para "proceder a todas as constatações materiais úteis na base americana da baía de Guantánamo".
A juíza pede às autoridades americanas permissão para "tomar conhecimento e fazer cópia de todos os documentos em seu poder" relativos a Murad Benchellali, Nizar Sasssi e Jale Ben Mustafa, os três ex-presos franceses.
A juíza pede, em particular, os documentos "relativos às condições de sua detenção, de sua transferência e seu encarceramento em um campo militar em Kandahar (Afeganistão), e sua posterior transferência e detenção na base americana de Guantánamo".
A juíza investiga desde 2005 supostos episódios de sequestro e detenção arbitrária, e, em 2009, obteve a autorização de incluir na investigação eventuais atos de tortura e barbárie.

http://br.noticias.yahoo.com/ju%C3%ADza-francesa-pede-permiss%C3%A3o-aos-eua-fazer-investiga%C3%A7%C3%A3o-102218354.html

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Brasil tem 14 cidades entre mais violentas do mundo, diz ONG

DA ANSA, NA CIDADE DO MÉXICO

O Brasil possui maior número de cidades entre as mais violentas do mundo, de acordo com estudo da ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal. A lista da organização mostra que 14 cidades das 50 relacionadas são brasileiras.

Maceió (AL) aparece no terceiro lugar do ranking, com uma taxa de 136 homicídios por 100 mil habitantes. As outras cidades presentes na pesquisa são Belém (78), Vitória (67), Salvador (56), Manaus (51), São Luís (50), João Pessoa (48), Cuiabá (48), Recife (48), Macapá (45), Fortaleza (43), Curitiba (38), Goiânia (37) e Belo Horizonte (34).

O estudo usa as informações de todos os municípios com mais de 300 mil habitantes que contem com as estatísticas oficiais de homicídios na internet.

AMÉRICA LATINA

Das 50 cidades avaliadas pela organização, 40 ficam na América Latina. A mais violenta é San Pedro Sula, em Honduras, com 159 homicídios por 100 mil habitantes, que sofre com a ação de milícias e grupos de traficantes.

O segundo lugar é da mexicana Ciudad Juárez, com 148. A cidade, que liderou o ranking por três anos, é uma das áreas de atuação dos cartéis do tráfico do país. Outras dez cidades, sendo cinco em região de fronteira com os Estados Unidos, estão na lista.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1033863-brasil-tem-14-cidades-entre-mais-violentas-do-mundo-diz-ong.shtml

Bolha imobiliária leva até 100 mil a viver em jaulas de cães na China

Habitações de 1,80 metro por 75 centímetros são alugadas por R$ 360.
Cada quarto tem cerca de 20 jaulas; fotógrafo britânico registrou a situação.

A bolha imobiliária na cidade de Hong Kong, com preços cada vez mais impraticáveis para parte da população, tem levado dezenas de milhares de chineses a morar em condições degradantes, como mostrou uma série de imagens feita pelo fotógrafo britânico Brian Cassey e publicada pelo "Daily Mail" nesta quarta-feira (11).

Mesmo sendo uma das cidades mais ricas do mundo, Hong Kong pode possuir cerca de 100 mil habitantes vivendo nessas condições, segundo as estimativas mais altas. As jaulas transformadas em habitações medem em torno de 1,80 metro por 75 cm. A altura varia, mas mas mesmo nas mais altas é difícil ficar em pé.

Segundo as informações do tabloide inglês, o aluguel médio de uma jaula fica em torno do equivalente a R$ 360 por mês. Cada quarto abriga cerca de 20 jaulas, emplilhadas em até três "andares".

Hong Kong tem uma das maiores concentrações de habitantes por área no mundo e, segundo o "Daily Mail", tem mais lojas da grife Louis Vuitton que Paris, o que reflete seu poder econômico.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/01/bolha-imobiliaria-leva-ate-100-mil-viver-em-jaulas-de-caes-na-china.html?utm_source=g1&utm_medium=email&utm_campaign=sharethis

Internet tem efeito similar ao de drogas ou álcool no cérebro, diz pesquisa

Viciados em computadores apresentaram alterações nas conexões cerebrais.

Viciados em internet têm alterações similares no cérebro àqueles que usam drogas e álcool em excesso, de acordo com uma pesquisa chinesa.
Cientistas estudaram os cérebros de 17 jovens viciados em internet e descobriram diferenças na massa branca - parte do cérebro que contém fibras nervosas - dos viciados na rede em comparação a pessoas não-viciadas.

A análise de exames de ressonância magnética revelou alterações nas partes do cérebro relacionadas a emoções, tomada de decisão e autocontrole.

"Os resultados também indicam que o vício em internet pode partilhar mecanismos psicológicos e neurológicos com outros tipos de vício e distúrbios de controle de impulso", disse o líder do estudo Hao Lei, da Academia de Ciências da China.

Computadores
A pesquisa analisou o cérebro de 35 homens e mulheres entre 14 e 21 anos. Entre eles, 17 foram classificados como tendo Desordem de Dependência da Internet, após responder perguntas como "Você fez repetidas tentativas mal-sucedidas de controlar, diminuir ou suspender o uso da internet?"

Os resultados então descritos na publicação científica Plos One, que poderiam levar a novos tratamentos para vícios, foram similares aos encontrados em estudos com viciados em jogos eletrônicos.

"Pela primeira vez, dois estudos mostram mudanças nas conexões neurais entre áreas do cérebro, assim como mudanças na função cerebral, de pessoas que usam a internet ou jogos eletrônicos com frequência", disse Gunter Schumann, do Instituto de Psiquiatria do King's College, em Londres.

O estudo chinês também foi classificado de "revolucionário" pela professora de psiquiatria do Imperial College London Henrietta Bowden-Jones.

"Finalmente ouvimos o que os médicos já suspeitavam havia algum tempo, que anormalidade na massa branca no córtex orbitofrontal e outras áreas importantes do cérebro está presente não apenas em vícios nas quais substâncias estão envolvidas, mas também nos comportamentais, como a dependência de internet."

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/01/internet-tem-efeito-similar-ao-de-drogas-ou-alcool-no-cerebro-diz-pesquisa.html?utm_source=g1&utm_medium=email&utm_campaign=sharethis

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ex-diretor do Mossad diz que existe uma ‘guerra secreta’

O assassinato do cientista nuclear iraniano Mostafa Ahmadi Roshan provocou profunda irritação em Teerã. Ontem o governo exigiu que a ação receba forte condenação da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em carta enviada ao Conselho de Segurança da ONU, o governo disse que tem evidências de que “quartéis estrangeiros” estiveram por trás do assassinato do cientista, ocorrido na quarta-feira.
Vice-diretor da instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, ele morreu quando dois homens numa motocicleta passaram por seu carro e jogaram uma bomba no veículo.
Para piorar, Ilan Mizrahi, ex-diretor do Conselho Nacional de Segurança de Israel e ex-subdiretor do Mossad, sugeriu que os serviços secretos do país podem estar implicados no atentado.
Mizrahi disse que o assassinato faz parte de uma “guerra secreta em que ninguém atua sozinho”. Ele diz que seria “algo intermediário entre a guerra e a diplomacia, que pode desembocar em guerra aberta”.
O ex-diretor declarou que a “guerra secreta” entre Irã e países como Israel, Estados Unidos e Arábia Saudita ocorre desde a revolução de 1979 e que alguns dos acontecimentos relacionados ao conflito seguem ocultos.

http://blogs.estadao.com.br/jt-radar/ex-diretor-do-mossad-diz-que-existe-uma-guerra-secreta/

Oi pede à Anatel anulação das metas de qualidade para banda larga e outros serviços

A Anatel divulgou essa semana que abriu consulta pública para um pedido da operadora de telecom Oi. Segundo o pedido, que foi enviado em dezembro do ano passado mas só agora foi revelado pela Anatel, a Oi quer anular diversas metas de qualidade estabelecidas pela agência para os serviços de telefonia celular e banda larga no Brasil.
Dentre as metas de qualidade estabelecidas, o pedido requer a anulação das metas de velocidade mínima e média de banda larga, da instalação do serviço em até 10 dias úteis, da exigência da entrega de mensagens de SMS em até 60 segundos e diversas outras.
Como justificativa do pedido, a Oi baseia seu argumento no fato de que no exterior não existem metas de qualidade para serviços do tipo, visto que eles estão mudando constantemente e tem a necessidade de se expandir. Além disso a operadora também relata que as metas de qualidade para banda larga móvel foram estabelecidas com base nas mesmas metas para banda larga fixa, sendo que são serviços essencialmente diferentes.
A anulação das metas, por afetar terceiros, está então passando por uma consulta pública a partir de ontem. Para ser aprovada, ela ainda precisa passar pelo conselho da Anatel, mas a população pode se manifestar a favor ou contra a mudança enviando um email para o endereço spv@anatel.gov.br.

http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2012/01/oi-pede-anatel-anulacao-das-metas-de-qualidade-para-banda-larga-e-outros-servicos.html

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

É hora de devolver o território a Cuba

Guantánamo é um enclave imperialista na ilha dos Castros

Jonathan M. Hansen, do The New York Times - O Estado de S.Paulo

Nos dez anos desde que o campo de detenção na base naval americana de Guantánamo foi aberto, o debate angustiante sobre se a instalação devia ser fechada - ou tornar-se permanente - obscureceu uma falha mais profunda que remonta a mais de um século e envolve todos os americanos: a saber, nossa própria ocupação contínua de Guantánamo. Já é mais do que tempo de devolver esse enclave imperialista a Cuba.

Desde o momento em que o governo dos Estados Unidos obrigou Cuba a nos arrendar a base naval na Baía de Guantánamo, em junho de 1901, a presença americana ali tem sido mais do que um espinho no flanco de Cuba.

Ela serviu para lembrar ao mundo a longa história de militarismo intervencionista dos Estados Unidos. Poucos gestos teriam um efeito tão salutar sobre o estúpido impasse nas relações americano-cubanas quanto a devolução desse cobiçado pedaço de terra cubano.

As circunstâncias pelas quais os Estados Unidos vieram a ocupar Guantánamo são tão problemáticas quanto sua última década de atividade nessa parte da ilha. Em abril de 1898, as forças americanas intervieram na luta pela independência de Cuba, que já durava três anos e estava praticamente ganha. Isso transformou a Guerra de Independência cubana no que os americanos ainda costumam chamar de Guerra Hispano-americana.

Em seguida, as autoridades americanas excluíram o Exército cubano do armistício e negaram a Cuba um assento na conferência de paz em Paris.

"Existe um rancor e uma mágoa naturais tão grandes em toda ilha, que as pessoas não conseguiram realmente comemorar o triunfo do fim do poder de seus antigos governantes", observou o general cubano Máximo Gómez em janeiro de 1899, depois que o tratado de paz foi assinado.

Curiosamente, a declaração de guerra dos Estados Unidos à Espanha incluiu a garantia de que os americanos não buscavam "soberania, jurisdição ou controle" sobre Cuba e pretendiam "deixar o governo e o controle da ilha a seu povo".

No entanto, após a guerra imperativos estratégicos tomaram precedência sobre a independência cubana. Os Estados Unidos queriam o domínio sobre Cuba e bases navais das quais pudessem exercê-lo.

Entra o general Leonard Wood, a quem o presidente William McKinley havia nomeado governador militar de Cuba, sustentando provisões que se tornaram conhecidas como a Emenda Platt. Duas eram particularmente odiosas: uma delas garantia aos Estados Unidos o direito de intervir à vontade nos assuntos cubanos; a outra dispunha sobre a venda ou arrendamento de bases navais.

Juan Gualberto Gómez, um destacado delegado à convenção constitucional cubana, disse que a emenda faria dos cubanos "um povo vassalo". Prenunciando a Crise dos Mísseis de Cuba, ele advertiu que bases estrangeiras em solo cubano só arrastariam Cuba "para conflitos não produzidos por nós e nos quais não temos nenhuma participação".

Tratava-se, entretanto, de uma oferta que Cuba não poderia recusar, como Wood informou aos delegados. A alternativa à emenda era a ocupação contínua. Os cubanos entenderam o recado.

"Existe, é claro, pouca ou nenhuma independência real deixada a Cuba pela Emenda Platt", observou Wood ao sucessor de McKinley, Theodore Roosevelt, em outubro de 1901, pouco depois de a Emenda Platt ser incorporada à Constituição cubana. "Os cubanos mais sensatos percebem isso e sentem que a única coisa consistente agora é buscar a anexação."

Com a Emenda Platt em vigor, entretanto, quem precisava de anexação? Nas duas décadas seguintes, os Estados Unidos repetidamente despacharam fuzileiros navais com base em Guantánamo para proteger seus interesses em Cuba e bloquear uma redistribuição das terras.

Entre 1900 e 1920, cerca de 44 mil americanos rumaram para Cuba, aumentando o investimento de capital na ilha de US$ 80 milhões para pouco mais de US$ 1 bilhão e levando um jornalista a observar que "pouco a pouco, a ilha toda está passando para as mãos de cidadãos americanos".

Como isso era visto da perspectiva de Cuba? Bem, imaginem que, ao fim da Revolução Americana, os franceses tivessem decidido permanecer por aqui. Imaginem que os franceses tivessem se recusado a permitir que Washington e seu Exército comparecessem ao armistício em Yorktown. Imaginem que eles tivessem negado ao Congresso Continental um assento no Tratado de Paris, proibido a expropriação de propriedades, ocupado o Porto de Nova York, despachado tropas para esmagar a rebelião de Shay e depois imigrado para as colônias aos montes, apoderando-se das terras mais valiosas.

Esse é o contexto em que os Estados Unidos vieram a ocupar Guantánamo. Essa é uma história excluída dos livros didáticos americanos e negligenciada nos debates sobre terrorismo, direito internacional e o alcance do poder Executivo. Mas é uma história conhecida em Cuba (onde motivou a revolução de 1959) e em toda a América Latina. Ela explica por que Guantánamo continua sendo um símbolo flagrante de hipocrisia mundo afora. Nem é preciso falar da última década.

Se o presidente Barack Obama quisesse reconhecer essa história e iniciar o processo de devolução de Guantánamo a Cuba, ele poderia deixar os erros dos últimos dez anos para trás, sem falar de cumprir uma promessa de campanha.

Dada a intransigência do Congresso americano, não poderia haver melhor maneira de fechar o campo de detenção do que entregar o restante da base naval com ele. Isso retificaria uma agravo antigo e assentaria as bases de novas relações com Cuba e outros países do Hemisfério Ocidental e em todo o globo. Por fim, enviaria uma mensagem inconfundível de que integridade, autocrítica e franqueza não são evidências de fraqueza, mas atributos indispensáveis de liderança num mundo em constante transformação.

Certamente, não deve haver maneira mais adequada de observar o lamentável 10.º aniversário da criação do centro de detenção, ontem, do que defender os princípios que Guantánamo solapou por mais de um século. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,e-hora-de-devolver-o-territorio-a-cuba,821705,0.htm

Vídeo de americanos urinando sobre cadáveres é barbárie, dizem talibãs

Imagens foram divulgadas na internet e geraram revolta no Afeganistão.
Movimento denunciou 'centenas de atos semelhantes', não divulgados.

Do G1, com agências internacionais

Os talibãs denunciaram nesta quinta-feira (12) como um "ato de barbárie" um vídeo no qual quatro soldados com uniformes americanos urinam sobre três cadáveres apresentados como insurgentes talibãs.

"Nos últimos 10 anos, aconteceram centenas de atos similares que não foram revelados", afirmou à France Presse Zabihullah Mujahed, porta-voz dos talibãs, que lutam há 10 anos contra o governo do Afeganistão e seus aliados da força da Otan, dirigida pelos Estados Unidos.

Na quarta-feira, o corpo de infantaria da Marinha dos Estados Unidos anunciou ter iniciado uma investigação sobre o vídeo amador divulgado na internet e, ao que parece, filmado durante uma operação no Afeganistão.
Nas imagens (veja uma cópia na internet) aparecem quatro homens com uniformes militares americanos que urinam sobre três cadáveres ensanguentados, conscientes de que outra pessoa está filmando.

Também é possível ouvir um deles dizendo "tenha um bom-dia companheiro" para o corpo sobre o qual urina.

Este tipo de comportamento é punido pelo código de justiça militar, afirmou uma fonte militar em Washington. Uma investigação foi aberta.

De acordo com a mesma fonte, o tipo de capacete e a arma de um dos homens parecem indicar, caso a autenticidade do vídeo seja confirmada, que se trata de um grupo de franco-atiradores.

As imagens do que parece ser um ato isolado podem fazer o mundo muçulmano recordar do escândalo de Abu Ghraib em 2004, quando imagens de prisioneiros iraquianos humilhados por militares americanos deram a volta ao mundo.

Segundo o Conselho para as Relações Americana-Islâmicas, principal associação muçulmana americana, as imagens colocam em risco outros soldados e civis afegãos.

Nos últimos anos, vários casos similares de suposta profanação por soldados (boatos de exemplares do Alcorão jogados no vaso sanitário, por exemplo) ou por jornais ocidentais (caricaturas de Maomé) provocaram revolta no Afeganistão e manifestações violentas que provocaram mortes.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/01/video-de-americanos-urinando-sobre-corpos-e-barbarie-denunciam-talibas.html

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Bomba mata cientista nuclear iraniano; Irã culpa Israel

Por Ramin Mostafavi | Reuters

TEERÃ, 11 JAN - Um cientista nuclear iraniano foi morto pela explosão de uma bomba instalada em seu carro nesta quarta-feira, em um ataque que o vice-governador de Teerã disse ter sido cometido por Israel. O atentado aumentou a tensão entre o Irã e países ocidentais relacionada ao programa nuclear iraniano.
O ataque, que uma autoridade municipal disse ter sido semelhante a ataques ocorridos um ano atrás contra cientistas nucleares no Irã, ocorreu no momento em que os Estados Unidos tentam persuadir a China a ajudar nos esforços para aumentar as sanções contra o Irã.
"A bomba era de tipo magnética e semelhante àquelas usadas anteriormente para assassinar cientistas, e isso é obra dos sionistas (israelenses)", disse o vice-governador de Teerã, Safarali Baratloo, segundo a agência semioficial de notícias Fars.
De acordo com a Fars, a vítima era um "cientista nuclear" que "supervisionava um departamento na Unidade de Enriquecimento de Urânio da (Usina) de Natanz".
As sanções norte-americanas contra o Irã já começaram a surtir efeito. O rial, a moeda iraniana, perdeu 20 por cento de seu valor em relação ao dólar na última semana, e a República Islâmica ameaçou fechar o Estreito de Ormuz, por onde é transportado 40 por cento petróleo comercializado no mundo.

http://br.noticias.yahoo.com/bomba-mata-cientista-nuclear-iraniano-ir%C3%A3-culpa-israel-101828365.html

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mumia Abu-Jamal não será executado! Agora, é preciso lutar por sua liberdade!

O jornalista e militante negro estadunidense Mumia Abu-Jamal não vai ser executado. O Ministério Público de Filadélfia anunciou em 7 de dezembro que renunciará à pena de morte contra o ex-jornalista e ativista do antigo partido Panteras Negras. Mumia sai do Corredor da Morte, mas vai para uma cela cumprir prisão perpétua.

Este é um primeiro recuo, depois de 30 anos de uma luta política e jurídica. O caso de Mumia Abu-Jamal é um dos mais conhecidos do mundo.

Mumia foi preso e julgado acusado pelo assassinato de um policial branco em dezembro de 1981. Foi condenado em um processo claramente injusto, racista e fraudado, com desaparecimento de provas e uma confissão assinada por Mumia enquanto ele estava em coma, hospitalizado. Testemunhas que foram manipuladas e chantageadas mais tarde se retrataram.

Um militante preso
A verdadeira causa da prisão foram suas posições de defesa dos oprimidos. Abu-Jamal desenvolvia um trabalho na rádio pública da Filadélfia com o Programa “A voz dos sem voz”, que denunciava o tratamento dado a trabalhadores negros e imigrantes pela polícia da Filadélfia.

Com posições firmes pela defesa do povo trabalhador e negro dos EUA, Mumia ficou conhecido mundialmente pela campanha promovida pelo movimento operário e democrático exigindo sua liberdade. A Juventude Revolução foi uma das organizações que se engajou neste movimento internacional. Em 2000, fizemos a jornada internacional "Salvar a vida de Mumia Abu-Jamal".

Agora, a luta é pela sua liberdade!
A retirada da pena de morte para Mumia é uma primeira e importante conquista, mas ainda não é suficiente, já que se mantém a pena de prisão perpétua. A campanha em defesa de Abu-Jamal só deve cessar quando ele estiver livre!

É a luta para levar Mumia Abu-Jamal para sua casa, para tirá-lo da prisão. Agora o grito dos trabalhadores e militantes democráticos do mundo todo é liberdade para Mumia Abu-Jamal!

Alexandre Linares, participou da JR de 1995 a 2009 e hoje é militante do PT
Priscilla Chandretti, miliitante da JR-IRJ em Juiz de Fora (MG)

http://www.juventuderevolucao.org/index.php?option=com_content&task=view&id=1066

domingo, 8 de janeiro de 2012

Senado uruguaio aprova legalização do aborto

O Senado do Uruguai aprovou projeto que descriminaliza o aborto até 12 semanas de gestação. A aprovação por 17 dos 31 senadores ocorreu na última sessão de 2011. A descriminalização do aborto faz parte da política do governo para saúde e sexualidade. O projeto agora vai para votação na Câmara dos Deputados.

A nova regra, se entrar em vigor, substitui a lei de 1938 que pune mulheres pela prática de interrupção da gravidez com até 9 meses de prisão. Pelo projeto, hospitais que integram a rede pública serão obrigados a fazer o procedimento quando solicitados.

O governo comemorou a aprovação do projeto no Senado afirmando tratar-se de uma clara separação do Estado e conceitos religiosos. O governo estima que por ano são feitos 30 mil abortos clandestinos no país, número considerado bem abaixo da realidade. Na Justiça, até 40 mil mulheres são sentenciadas devido à prática.

http://carosamigos.terra.com.br/index2/index.php/noticias/2357-senado-uruguaio-aprova-legalizacao-do-aborto

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Irã levará à ONU queixa contra os EUA por 'terrorismo'

Teerã culpa Washington e Israel por assassinatos de físicos nucleares e pedirá providências

Agência Estado
TEERÃ - O chefe das negociações nucleares do Irã disse nesta sexta-feira, 4, que o país deve levar queixas contra os Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU) por supostas "operações terroristas", incluindo assassinatos de alguns de seus cientistas nucleares.
Em discurso feito durante um evento que marca o aniversário do cerco à embaixada americana em 1979, Saeed Jalili afirmou que os iranianos levarão "documentos de planos terroristas dos Estados Unidos contra o Irã" à ONU ainda nesta sexta. Várias físicos nucleares iranianos morreram nos últimos anos e Teerã culpa Israel e os americanos pelos assassinatos.

Jalili afirmou que, por meio do terrorismo, os Estados Unidos "atacaram a infraestrutura de muitos países em todo o mundo". Ele ainda repetiu o discurso do líder iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, de que os documentos "provarão o envolvimento dos americanos nesses atos terroristas" e declarou que pedirá à ONU que tome providências.

Teerã já enfrenta atritos similares com Washington, acirrados depois de os americanos anunciarem a descoberta de um plano de dois iranianos para assassinar o embaixador da Arábia Saudita nos Estados Unidos e para incendiar missões diplomáticas no país. O Irã negou as acusações e as considerou "invenções" das autoridades americanas.

Manifestação

Milhares de iranianos foram às ruas celebrar os 32 anos do cerco à embaixada americana em Teerã, após a Revolução Islâmica de 1979. A tomada durou 444 dias e, inicialmente, 66 americanos foram mantidos reféns na missão diplomática.

Segundo Jalili, a "árvore da Revolução Islâmica cresceu forte em todo o mundo" e, por isso, serviu de exemplo para o que chamou de "despertar islâmico" que ocorre na região, do qual o Irã considera-se o predecessor.

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,ira-levara-a-onu-queixa-contra-os-eua-por-terrorismo,794502,0.htm

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A NOVA GUERRA AMERICANA

“A NOVA GUERRA AMERICANA: dezembro de 2011-- queda de avião norte-americano não tripulado (dron) no Irã reforça indícios de que a guerra dos EUA e aliados contra o país já começou; 2ª quinzena de dezembro:explosão de planta de conversão de urânio, em Isfahán **novembro de 2011:explosão de unidade da guarda iraniana causando a morte do general Moqaddam, principal impulsionador do programa nuclear iraniano; julho de 2011: assassinato do físico nuclear Dariouh Rezaie**24 de dezembro de 2010: vírus Stuxnet ataca sistema industrial do projeto nuclear iraniano (60% da ocorrência mundial do Stuxnet concentra-se no Irã, o que evidencia um direcionamento coordenado) ** ainda em dezembro de 2010: assassinado do cientista Majid Shariari em explosão de carro-bomba e atentado contra o físico Fereydoon Abbasi.

EUA: NOVA DOUTRINA DE SEGURANÇA REFORÇA ATENTADOS, SABOTAGENS E ROBÔS

Orçamento norte-americano de defesa poderá ter cortes de US$ 500 bi em uma década, mas Barack Obama garante que atuação militar do império continuará eficaz. A nova estratégia de segurança nacional, anunciada nesta 5ª feira pelo democrata, pressupõe redução numérica de tropas, compensada pela expansão de forças especiais, ágeis, secretas, treinadas para ataques pontuais fulminantes, como a operação que resultou no assassinato de Bin Laden. Sobretudo, porém, a "doutrina Obama" apoia-se fortemente em recursos tecnológicos. Inaugura-se uma nova era de atentados e sabotagens, baseados em cepas renovadas de vírus, ataques no ciberespaço, espionagem, uso de robôs e veículos não tripulados. Obama não o diria, naturalmente, mas é forçoso arguir: o arsenal inclui também a eliminação de 'lideranças indesejáveis' através de operações 'tecnológicas' que minam a saúde do adversário? O Irã, alvo de sucessivos assassinatos de cientistas ligados ao programa nuclear do país (vide acima), avulta como o laboratório de teste da nova guerra”.
(Carta Maior; 6ª feira; 06/01/ 2012)
http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sarkozy envolvido em suposto desvio de fundos

Dinheiro teria sido usado para o pagamento de comissões ilegais ao Paquistão, na sequência da venda de submarinos franceses

Mafalda Ganhão (www.expresso.pt)

Segundo o jornal "Libération", Nicolas Sarkozy esteve envolvido num suposto desvio de fundos relacionado com o pagamento de comissões ilegais ao Paquistão na venda de submarinos franceses.

Os factos remontam ao período em que Sarkozy era ministro do Orçamento, em 1994. Na sua edição de segunda-feira, o jornal faz eco de novas revelações que dão conta de que o Presidente francês estava ao corrente do esquema.

A notícia cita a declaração feita ao juiz por um alto funcionário do Ministério da Defesa, Gérard Philippe Menayas, que considerou ser claro que o Ministério do Orçamento "teve necessariamente de dar o seu aval".

Implicações políticas

A investigação pretende esclarecer se a França pagou comissões ilegais ao Paquistão para assinar a venda de submarinos em 1994. Visa ainda avaliar a eventual ligação da interrupção do pagamento ao atentado organizado pelos serviços secretos paquistaneses contra engenheiros militares franceses, em 2002, em Karachi. Onze pessoas morreram.

O caso tem também implicações políticas, já que algumas testemunhas garantem que parte das comissões pagas ao Paquistão terão regressado a França, para financiar a campanha das eleições presidenciais de 1995 do ex-primeiro-ministro Edouard Balladur, que tinha Nicolas Sarkozy como porta-voz.

Embora em setembro, quando foram divulgadas acusações contra dois antigos colaboradores de Nicolas Sarkozy supostamente envolvidos no esquema de desvio, a Presidência da República as tenha classificado como "caluniosas" contra o chefe de Estado, desta vez não houve ainda reação às novas acusações, que surgem no momento em que se aguarda o anúncio oficial do Presidente francês confirmando a sua candidatura à reeleição nas eleições deste ano.

http://aeiou.expresso.pt/sarkozy-envolvido-em-suposto-desvio-de-fundos=f697599

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Historiador questiona crença na origem única do povo judeu

da Livraria da Folha

Em "A Invenção do Povo Judeu", Shlomo Sand afirma que, por força do tabu, nem mesmo cientistas israelenses questionam a eventual origem única dos judeus. Contudo, o historiador argumenta que a ideia é um equívoco.

Publicado no Brasil pela Benvirá, selo da editora Saraiva, o volume combate mitos e crenças religiosas, além da posição política de Israel. O título causou polêmica em todos os países em que foi publicado.

Shlomo, professor de história da Universidade de Tel Aviv, viveu os primeiros anos de vida em um campo de refugiados na Alemanha e foi soldado na Guerra dos Seis Dias (1967). Tornou-se militante e é favorável à consolidação de um Estado judaico-palestino.

O livro ficou 19 semanas na lista dos mais vendidos em Israel e recebeu o Prix Aujourd'hui. Leia um trecho do exemplar.

A marionete "científica" e o corcunda racista

Depois de Segunda Guerra, havia se tornado difícil usar termos como "raça" ou "sangue". Desde a publicação em 1950 da célebre declaração sob a égide da Unesco, de cientistas eminentes que desaprovavam completamente o vinculo entre cultura nacional e biologia e afirmavam que a ideia de raça se refere mais a um mito social que a um fato científico, os pesquisadores passaram a se abster de usara esses termos. Essa recusa geral e consensual não teve efeito nos cientistas israelenses, nem questionou a profunda crença sionista na origem única do povo errante. Embora "raça judaica" tenha desaparecido da retórica universitária comum, uma nova área científica surgiu sob o respeitável nome de "pesquisa sobre a origem das comunidades judaicas". No jargão jornalístico popular, foi simplesmente nomeada como "a pesquisa do gene judeu".

O Estado de Israel, que começou a agrupar uma parte das populações originárias das comunidades judaicas de toda a Europa, depois parte de inúmeros judeus do mundo muçulmano, se viu confrontado em seus primeiros anos com o problema urgente da cristalização de uma nação e de um povo novo. [...] Da Bíblia ao Palmach (unidade de combate do exército da população judaica da Palestina mandatária), a história "orgânica" do "povo judeu" foi difundida e ensinada em todos os níveis do sistema educacional do Estado. A pedagogia sionista moldou gerações de alunos que acreditaram ingenuamente na especificidade de sua "etnia" nacional. No entanto, na era do positivismo científico, a ideologia nacional tinha necessidade de um novo apoio, mais legítimo que aquele dado pelos recursos evanescentes das ciências humanas: os laboratórios de biologia foram então chamados ao socorro, mas responderam a princípio de maneira relativamente reservada.

Em um doutorado realizado na universidade de Tel-Aviv, Nurit Kirsh analisou os primórdios da pesquisa genética em Israel. Suas conclusões são categóricas: a genética, como a arqueologia nos anos 1950 em Israel, era uma ciência enviesada inteiramente dependente de uma concepção histórica nacional que se esforçava para encontrar uma homogeneidade biológica entre judeus ao redor do mundo. Os geneticistas haviam interiorizado o mito sionista e, por um processo semiconsciente, procuravam adaptar-lhe os resultados de suas pesquisas.

*
"A Invenção do Povo "
Autor: Shlomo Sand
Editora: Benvirá
Páginas: 576
Quanto: R$ 46,75 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/960688-historiador-questiona-crenca-na-origem-unica-do-povo-judeu.shtml

domingo, 1 de janeiro de 2012

Hora de rever as privatizações

Mauro Santayana

"Multinacionais já dominam grande parte da economia brasileira e é necessário que retomemos as atividades estratégicas, a fim de preservar a soberania"

Se outros efeitos não causar à vida nacional o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., suas acusações reclamam o reexame profundo do processo de privatizações e suas razões. Ao decidir por aquele caminho, o governo Collor estava sendo coerente com sua essencial natureza, que era a de restabelecer o poder econômico e político das oligarquias nordestinas e, com elas, dominar o País. A estratégia era a de buscar aliança internacional, aceitando os novos postulados de um projetado governo mundial, estabelecido pela Comissão Trilateral e pelo Clube de Bielderbeg. Foi assim que Collor formou a sua equipe econômica, e escolheu o Sr. Eduardo Modiano para presidir ao BNDES – e, ali, cuidar das privatizações.
Primeiro, houve a necessidade de se estabelecer o Plano Nacional de Desestatização. Tendo em vista a reação da sociedade e as denúncias de corrupção contra o grupo do presidente, não foi possível fazê-lo da noite para o dia, e o tempo passou. O impeachment de Collor e a ascensão de Itamar representaram certo freio no processo, não obstante a pressão dos interessados.
Com a chegada de Fernando Henrique ao Ministério da Fazenda, as pressões se acentuaram, mas Itamar foi cozinhando as coisas em banho-maria. Fernando Henrique se entregou à causa do neoliberalismo e da globalização com entusiasmo. Ele repudiou a sua fé antiga no Estado, e saudou o domínio dos centros financeiros mundiais – com suas consequências, como as da exclusão do mundo econômico dos chamados “incapazes” – como um Novo Renascimento.
Ora, o Brasil era dos poucos países do mundo que podiam dizer não ao Consenso de Washington. Com todas as suas dificuldades, entre elas a de rolar a dívida externa, poderíamos, se fosse o caso, fechar as fronteiras e partir para uma economia autônoma, com a ampliação do mercado interno. Se assim agíssemos, é seguro que serviríamos de exemplo de resistência para numerosos países do Terceiro Mundo, entre eles os nossos vizinhos do continente.
Alguns dos mais importantes pensadores contemporâneos – entre eles Federico Mayor Zaragoza, em artigo publicado em El País há dias, e Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia – constataram que o desmantelamento do Estado, a partir dos governos de Margareth Thatcher, na Grã-Bretanha, e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, foi a maior estupidez política e econômica do fim do século 20. Além de concentrar o poder financeiro em duas ou três grandes instituições, entre elas, o Goldman Sachs, que é hoje o senhor da Europa, provocou o desemprego em massa; a erosão do sistema educacional, com o surgimento de escolas privadas que só servem para vender diplomas; a contaminação dos sistemas judiciários mundiais, a partir da Suprema Corte dos Estados Unidos – que, entre outras decisões, convalidou a fraude eleitoral da Flórida, dando a vitória a Bush, nas eleições de 2000 –; a acelerada degradação do meio ambiente e, agora, desmonta a Comunidade Europeia. No Brasil, como podemos nos lembrar, não só os pobres sofreram com a miséria e o desemprego: a classe média se empobreceu a ponto de engenheiros serem compelidos a vender sanduíches e limonadas nas praias.
É o momento para que a sociedade brasileira se articule e exija do governo a reversão do processo de privatizações. As corporações multinacionais já dominam grande parte da economia brasileira e é necessário que retomemos as atividades estratégicas, a fim de preservar a soberania nacional. É também urgente sustar a incontrolada remessa de lucros, obrigando as multinacionais a investi-los aqui e taxar a parte enviada às matrizes; aprovar legislação que obrigue as empresas a limpa e transparente escrituração contábil; regulamentar estritamente a atividade bancária e proibir as operações com paraísos fiscais. É imprescindível retomar o conceito de empresa nacional da Constituição de 1988 – sem o que o BNDES continuará a financiar as multinacionais com condições favorecidas.
A CPI que provavelmente será constituída, a pedido dos deputados Protógenes Queiroz e Brizola Neto, naturalmente não se perderá nos detalhes menores – e irá a fundo na análise das privatizações, a partir de 1990, para que se esclareça a constrangedora vassalagem de alguns brasileiros diante das ordens emanadas de Washington. Mas para tanto é imprescindível a participação dos intelectuais, dos Sindicatos de trabalhadores e de todas as entidades estudantis, da UNE, aos diretórios colegiais. Sem a mobilização da sociedade, por mais se esforcem os defensores do interesse nacional, continuaremos submetidos aos contratos do passado. A presidente da República poderia fazer seu o lema de Tancredo: um governante só consegue fazer o que fizer junto com o seu povo.

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