quarta-feira, 28 de maio de 2014

Polícia de São Paulo mata 163 pessoas no 1º trimestre de 2014

As polícias militar e civil de São Paulo patrocinaram um sangrento primeiro trimestre neste ano. Levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz a partir de dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo mostra que policiais em serviço mataram 163 pessoas entre 1º de janeiro e 31 de março de 2014.
No ano passado, no mesmo período, as mortes decorrentes de intervenção policial limitaram-se a 69. Mais do que dobrou, foi um crescimento de 136%.
O maior aumento foi na cidade de São Paulo, onde as mortes causadas por policiais em serviço pularam de 29 para 89. Foi um incremento de 206,9% --mais do que triplicou.
Supondo que essas mortes todas tenham acontecido em confrontos entre policiais e criminosos, seria razoável imaginar que o número de policiais mortos ou feridos também tivesse aumentado, ao menos um pouquinho, certo?
Errado.
O número de policiais mortos em serviço no primeiro trimestre deste ano foi rigorosamente igual ao número de policiais mortos em 2013 –um total de quatro para todo o Estado. Quanto ao número de policiais feridos, também aí empataram os números de 2013 e os de 2014 –ficaram em 80.
Já ouvi coronéis explicarem a disparidade entre o número de policiais mortos e o número de supostos bandidos mortos: isso derivaria do melhor treinamento em tiro dos policiais, do aprendizado de técnicas de defesa, de incursão em locais fechados, do melhor equipamento etc. etc.
Bandidos que apostam no confronto com policiais devem saber que já entram em desvantagem na disputa, dizem.
Faz sentido. Admitamos que o argumento seja verdadeiro. Mas como explicar que os confrontos entre policiais e bandidos, em 2013 tenham gerado 17,25 civis mortos para cada policial morto? E que, apenas um ano depois, a polícia tenha matado uma média de 40,75 civis para cada policial morto?
Mais do que dobrou!
É claro que os equipamentos e o treinamento dos dois lados do confronto não mudaram substancialmente em apenas um ano.
O resultado disso é incrível. No primeiro trimestre de 2014, uma em cada cinco pessoas mortas de maneira violenta na cidade de São Paulo perdeu a vida nas mãos da polícia (20,5%). Há apenas um ano, a polícia foi responsável por 7,4% das mortes violentas (ou uma em cada 13 vítimas).
Leia mais:
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/laura-capriglione/trimestre-sangrento-222929572.html

sábado, 24 de maio de 2014

Senadores da CDH recebem pedido de apoio à retirada de tropas da ONU do Haiti

O senador haitiano Jean Charles Moise veio ao Senado brasileiro nesta quarta-feira (21) para pedir apoio à campanha pela retirada total das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Uma resolução aprovada por unanimidade pelo Senado haitiano em maio do ano passado recomenda a retirada, até 28 de maio de 2014, da missão comandada pelo Brasil e que está no Haiti desde junho de 2004 para garantir a ordem após a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide, em março daquele ano.
Jean Charles Moise foi recebido por três senadores da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH): a presidente, Ana Rita (PT-ES), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Wellington Dias (PT-PI). Para Moise, depois de dez anos de missão da ONU no Haiti, as tropas prejudicam o desenvolvimento econômico e social do país.
— A presença da Minustah no Haiti não quer dizer nada para os haitianos. Ao contrário, a cada vez que o povo se mobiliza contra a corrupção, a má governança e a fraude, a Minustah é usada para reprimir a população. É por isso que nós pedimos a retirada das tropas. O Haiti deve ser um país livre, e a presença da Minustah ataca a soberania do país — disse.
A senadora Ana Rita prometeu entrar em contato com o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), para discutir de que maneira as duas comissões poderão encaminhar a questão.
Já o senador Eduardo Suplicy levará o pedido de retirada da Minustah do Haiti aos ministros da Defesa, Celso Amorim, e das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado.
— Tendo em conta o que relatou o senador Moise, acho que é importante que as autoridades brasileiras tenham conhecimento do depoimento dele — afirmou.
Refugiados
O senador Jean Charles Moise disse que a manutenção das tropas da Minustah no Haiti colabora para o agravamento da crise dos refugiados. Mais de 20 mil haitianos já entraram no Brasil, a maioria por meio do Acre. Muitos seguiram viagem para outros estados, principalmente São Paulo.
Moise fez na última segunda-feira (19/5) uma visita aos refugiados na capital paulista. Nesta quinta-feira (22/5), ele retornará a São Paulo para receber da Câmara Municipal o título de Cidadão Paulistano.
http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2014/05/21/senadores-da-cdh-recebem-pedido-de-apoio-a-retirada-de-tropas-da-onu-do-haiti

terça-feira, 13 de maio de 2014

Por que o Brasil lidera o ranking de medo de tortura policial

Trinta anos depois da assinatura da Convenção Internacional Contra Tortura da ONU por 155 países, entre eles o Brasil, a grande maioria dos brasileiros ainda teme por sua segurança ao serem detidos por autoridades, revela um relatório divulgado nesta segunda-feira pela ONG de defesa de direitos humanos Anistia Internacional.
Quando questionados se estariam seguros ao serem detidos, 80% dos brasileiros ouvidos pela ONG no levantamento discordaram fortemente.
Trata-se do maior índice dentre os 21 países analisados no estudo e quase o dobro da média mundial, de 44%.
“É um índice chocante que revela a percepção social em torno da tortura”, diz Erika Rosas, diretora para Américas da Anistia Internacional, à BBC Brasil.
“Não podemos dizer que a tortura é uma prática sistemática no Brasil como em outros países, mas temos documentado diversos casos preocupantes.”

Impunidade

No levantamento, que ouviu 21 mil pessoas em todo o mundo, o México ficou num distante segundo lugar, com 64% dos participantes respondendo temer a tortura por autoridades. Turquia e Paquistão empataram na terceira posição, com 58%.
O Reino Unido (15%), a Austrália (16%) e o Canadá (21%) foram os países onde este medo é menor.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, diz não se surpreender com a posição do Brasil no ranking.
“A tortura persiste porque houve a impunidade com a anistia dos agentes da ditadura que a praticaram. Isso gera um salvo conduto para as autoridades atuais”, afirma Damous.
“A violência policial é perceptível e está enraizada nas políticas de segurança pública do país.”
Nos últimos três anos, o número de denúncias dos atos cometidos por agentes do governo no país cresceu 129%.
Entre 2011 e 2013, foram relatados 816 casos por meio do Disque 100, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, envolvendo 1.162 agentes do Estado.
Leia mais:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-o-brasil-lidera-o-ranking-de-medo-de-tortura-policial/