quinta-feira, 28 de junho de 2012

Barclays leva multa em US$ 450 milhões por manipulação do mercado

O escândalo está só começando. As agências reguladoras do setor financeiro dos Estados Unidos e do Reino Unido aplicaram uma multa de mais de 450 milhões de dólares ao banco Barclays por manipular a taxa libor, ponto de referência para o juro diário dos empréstimos interbancários em nível mundial. As agências informaram que há outros bancos envolvidos.

O primeiro ministro David Cameron assinalou que o Barclays terá que responder muitas perguntas. O ministro britânico de Finanças, George Osborne, compareceu ante o parlamento e o líder da oposição Ed Miliband exigiu que se abra uma investigação criminal sobre o tema. Enquanto isso, a diretora da FSA, agência reguladora financeira britânica, Tracey McDermott, indicou que há “várias investigações em marcha, mas tudo parece indicar no momento que o Barcalys não é a única empresa envolvida no caso”

E o enésimo escândalo financeiro dos últimos anos. Pode-se partir do escândalo da Enron, em 2000, e chegar às quedas do Stearn e do Lehman Brothers, em 2008, que detonaram a atual crise mundial, ou se pode começar com as pirâmides financeiras de Bernard Maddoff, maior fraude da história (50 bilhões de dólares), descobertas em 2008, e passar pelas perdas do UBS suíço, em 2011 (2 bilhões de dólares) ou do JP Morgan, em abril deste ano (2 bilhões de dólares evaporados em seis semanas). Em meio a este módico resume de uma lista frondosa de escândalos, os paraísos fiscais seguem funcionando como se nada tivesse acontecido. 

Nesta mesma semana, em seu informe anual, o Banco Internacional de Compensações (BIS), que representa os bancos centrais do mundo, alertou que as entidades financeiras não mudaram seu modus operandi.

No caso do Barclays, a manipulação das taxas Libor ocorreu entre 2005 e 2009, entre a febre da especulação e o estouro da bolha. Calcula-se que o volume de transações bancárias baseadas na taxa Libor em nível mundial é de 360 trilhões de dólares (cerca de 40 vezes o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos). Segundo a autoridade reguladora estadunidense, a“Commodity Futures Trading Commision”, o banco buscava beneficiar sua posição no mercado de derivados – compra e venda no mercado de futuros – que move trilhões de dólares e foi ima das causas do estouro financeiro de 2008. “Alguns traders, ajudados e em coordenação com outros bancos, confluíram nesta manipulação das taxas”, assinala a autoridade.

O diretor executivo do banco, o estadunidense Bob Diamon, renunciou a sua bonificação anual em função do escândalo (no ano passado, suas rendas superaram a casa dos 40 milhões de dólares), mas dificilmente conseguirá salvar sua cabeça. Nos últimos 12 meses, Diamon havia lançado uma forte campanha para que se terminasse com a “caça às bruxas” dos banqueiros por causa do estouro financeiro de 2008. “Já passou a hora do arrependimento. Os bancos precisam seguir prestando o serviço essencial de que necessita a economia”, disse no ano passado a uma atordoada opinião pública. 

Diamond detesta a regulação do sistema financeiro. Nisso, não se diferencia de Jamie Dimon, o diretor executivo do JP Morgan, que semanas antes de seu banco revelar perdas de mais de 2 dois bilhões de dólares havia dito que “a regulação tem que ser feita em privado, a portas fechadas”, algo que o site estadunidense Huffington Post comparou à masturbação. Parafraseando o Huff, pode se dizer que os reguladores pegaram o Barclays com as mãos na massa.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20483

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