segunda-feira, 1 de julho de 2013

Saneamento: empresas desperdiçam 40% de água

Estudo estima que, se as perdas fossem reduzidas, haveria ganhos de até R$ 37,2 bilhões ao final de 17 anos


As empresas de saneamento básico no Brasil desperdiçam cerca de 40% da água que distribuem, um nível quase quatro vezes superior ao de países como Alemanha e Japão. É o que aponta o levantamento Manual sobre Contratos de Performance e Eficiência para Empresas de Saneamento em Brasil, realizado pela GO Associados a pedido da International Finance Corporation (IFC), instituição de desenvolvimento do Banco Mundial voltada ao setor privado, em parceria com o governo da Espanha. O documento foi divulgado nesta quinta-feira 27, em São Paulo.
Esse nível de desperdício tem se mantido praticamente estável nos últimos dez anos, com algumas operadoras de saneamento atingido índices superiores a 80%. O estudo estima que o Brasil precisa reduzir o desperdício em ao menos dez pontos percentuais para chegar aos níveis de perdas semelhantes aos países desenvolvidos.
Os estados com maior desperdício são Amapá e Acre, com mais de 70% de perdas. Entre os mais eficientes estão o Distrito Federal, Espírito Santo e o Paraná, com menos de 30%. São Paulo e Rio de Janeiro possuem níveis entre 30% e 40%. “A eficiência na distribuição de água não ganhou a atenção da classe política, mas esse é um ponto importante para a sustentabilidade. Ao reduzir o nível de perdas, haverá mais água disponível”, afirma Oliveira.
Segundo o estudo, a Cosama (Amazonas) teve o maior desperdício (80,7%) entre as operadoras estaduais. A SAERB (Rio Branco), com 76,5%, foi a menos eficiente no âmbito municipal. Já a Sanepar (Paraná) foi a mais eficiente nos estados (21,2%) e a Sanasa (Campinas) nos municípios (18,0%). Foram analisadas as 52 maiores empresas brasileiras em termos de população atendida, estaduais e municipais. “Com menos perdas, não é preciso fazer muitos investimentos na ampliação da captação. O investimento para reduzir as perdas pode ser menor que um grande aporte de expansão”, diz Fernando Marcato, um dos responsáveis pelo estudo.
Segundo o documento, das 26 empresas estaduais de saneamento, apenas sete possuem condições adequadas para captação de financiamentos. Com os contratos de desempenho, a concessionária reduziria o aporte de recursos para reduzir as perdas, pois a contratada realizaria os investimentos. A empresa seria paga com a receita extra gerada pela economia com as perdas.
Em setembro de 2012, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que oito em cada dez casas brasileiras têm água encanada (84,6%), o equivalente a 51,8 milhões do total de domicílios.

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